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ROMPENDO A INDIFERENÇA

Padre Antonio PiberDiocese de ItumbiaraSeminário São Carlos do BrasilIgreja Católica Apostólica Brasileira

Rompendo a indiferença

(Lucas 16,19-31)

Segundo São Lucas, quando Jesus afirmou “não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, alguns fariseus que estavam ouvindo-o e eram amigos do dinheiro “riram dele”. Jesus não se abalou. Logo depois, narra uma parábola desafiadora para que os que vivem escravos da riqueza abram os olhos.

Jesus descreve em poucas palavras uma situação avassaladora: Um homem rico e um homem mendigo vivem próximos um do outro, estão separados pelo abismo que há entre a vida de opulência insultante do rico e a miséria extrema do pobre.

O relato descreve aos dois personagens destacando fortemente o contraste entre ambos. O rico anda vestido de púrpura e de linho finíssimo, o corpo do pobre está coberto de chagas. O rico banqueteia-se esplendidamente não só nos dias de festa, mas diariamente, o pobre está atirado em sua porta, sem poder comer o que cai da mesa do rico. Só os cães que vêm buscar alguma coisa no lixo se aproximam para lamber suas chagas.

Não se fala em nenhum momento de que o rico explorou ao pobre ou que o maltratou, ou desprezou. Dir-se-ia que não fez nada mal. No entanto, sua vida inteira é desumana, pois apenas vive para seu próprio bem estar. Seu coração é de pedra. Ignora totalmente o pobre. O tem diante dos olhos mas não o vê. Ele está aí mesmo, enfermo, faminto e abandonado, mas não é capaz de cruzar a porta para tomar conta dele.

Não nos enganemos. Jesus não está denunciando apenas a situação da Galilea dos anos trinta. Está tentando sacudir a consciência de quem de nós que temos nos acostumados a viver na abundancia tendo junto à nossa porta, ou à uma hora de vôo, pessoas e povos inteiros vivendo e morrendo na miséria mais absoluta.

É desumano encerrar-nos em nossa “sociedade do bem estar” ignorando totalmente essa outra “sociedade do mal estar”. É cruel seguir alimentando esta “secreta ilusão de inocência” que nos permite viver com a consciência tranquila pensando que a culpa é de todos por isso não é de ninguém e menos ainda que seja nossa, que seja minha, que seja tua.

Nossa primeira tarefa é romper a indiferença. Resistir-nos a seguir desfrutando de um bem estar vazio de compaixão. Não continuar isolando-nos mentalmente para deslocar a miséria e a fome que há no mundo para um longínquo e abstrato lugar, para poder assim viver sem ouvir nenhum clamor, gemido ou pranto.

O Evangelho pode ajudar-nos a viver vigilantes, sem tornar-nos cada vez mais insensível aos sofrimentos dos abandonados, sem perder o sentido da responsabilidade fraterna e sem permanecer passivos quando podemos agir


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