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O PASTOR E AS OVELHAS

Por Padre Antônio Piber

“Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós.”(1Pe 5,2).

O ministério ordenado tinha, como continua tendo, o objetivo da salvação, a estrita obediência ao mandato bíblico e estar relacionado com a Verdade que liberta. Não me refiro aos ministros ordenados de hoje, mas aos ministros de sempre, aos que tem a missão divina de pastorear, de apascentar o rebanho, cuidar dele e não deixar que qualquer ovelha se afaste do redil.

A busca da Verdade para o Sacerdote deve ser crer, com absoluta dedicação, naquilo que está disposto nas Sagradas Escrituras e dele não se desviar. A Verdade não é detectada pela razão nem pelos sentimentos, mas pela leitura orante do Texto e pela crença que nele deposita. Crer não é duvidar. É crer. Fé é não se desviar, não se deixar seduzir por aquilo que não seja a Verdade revelada.

O pastor não pode ter apenas uma visão global de suas ovelhas. Deve cuidar de todas e de cada uma individualmente. São Gregório diz no seu livro Pastoral (2,V): “Que o pastor tenha compaixão de cada ovelha em particular”. Não só cuidar dela, mas amá-la com a mesma intensidade que ama todo o rebanho.

O pastor, no seu paradoxo pastoral, deve cuidar para que o rebanho não se desagregue e abandonar uma ou algumas das ovelhas, ou deve afastar-se do rebanho para buscar a ovelha desgarrada? Seria razoável o comportamento do pastor que quer ter no rebanho apenas ovelhas que não dão trabalho? O mérito não está em pastorear apenas ovelhas obedientes. Exatamente o contrário é a verdade, isto é, o valor do Sacerdócio é trazer para o redil aquela ovelha que está em descompasso com o que lhe dita a regra.

O símbolo das romãs em Êxodo 28,34 serve bem ao caso.

Não foi, então, o próprio Cristo que disse que “eu sou o bom pastor, o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas” (Jo 10,11)? E acrescenta, “o mercenário, que não é pastor, de quem são as ovelhas, vê vir o lobo, e deixa as ovelhas, e foge; e o lobo as arrebata e dispersa” (Jo 10,12). Acrescenta, ainda que “dou a minha vida pelas ovelhas” (Jo 10,15).

Não é a ovelha que deve atender ao seu pastor, mas o pastor que deve ser subserviente à sua ovelha. Ela é importante, não ele. O pastor morre, ela vive. Ele a carrega, ela é carregada, conduzida. Ele serve, ela é servida. São Bento escreveu na Regra: “O pastor é absolvido com a indocilidade dos subordinados” (1,2). É o pastor quem mais obedece à Palavra, não tanto a ovelha.

Os cristãos e as cristãs devem ver nos seus líderes os servos deles, delas e de Deus, e perceber neles a bondade, a caridade, o carinho, o amor que buscam. O mau pastor expele a ovelha. O mau pastor não vai atrás da que se perdeu: “que homem entre vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa no deserto as noventa e nove e não vai atrás da perdida até que venha a achá-la” (Lc 15,4). O mesmo texto está em Mateus 18,12 e Mateus afirma que, se porventura a acha, “em verdade vos digo que maior prazer tem por aquela do que pelas noventa e nove que se não desgarraram” (Mt 18,13).

Aí está o paradoxo que o pastor deve resolver: não pode abandonar as ovelhas, nem uma delas. Se assim não agir, não pode ser um bom pastor.

É verdade que abandonar o rebanho pode ter conseqüências piores, no entanto, se não o fizer, não cumpriu o mandato bíblico. Padre PadreAntonio Piber


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