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LEMBRA-TE DE MIM...

Por Padre Antonio Piber

Festa de Cristo Rei (Lucas 23, 35-43)

Segundo o relato de São Lucas, Jesus agonizou em meio das chacotas e desprezos dos que O rodeavam. Ninguém parece haver entendido Sua vida. Ninguém parece haver captado Sua entrega aos que sofrem nem Seu perdão aos culpáveis. Ninguém viu em Seu rosto o olhar compassivo de Deus. Ninguém parece agora intuir naquela morte mistério algum. As autoridades religiosas se gozam d’Ele com gestos de desprezos: pretenderam salvar a outros; que se salve agora a si mesmo. Se é o Messias de Deus, o “Eleito” porque não vem Deus apressadamente em sua defesa. Também os soldados se somam às chacotas. Eles não crêem em nenhum Enviado de Deus. Riem-se do letreiro que Pilatos mandou colocar na cruz: “Este é o rei dos judeus”. É absurdo que alguém possa reinar sem poder. Que demonstre sua força salvando-se a si mesmo. Jesus permanece calado, porém não desce da cruz. Que faríamos nós se o Enviado de Deus buscasse sua própria salvação escapando desta cruz que o une para sempre a todos os crucificados da história? Como poderíamos crer em um Deus que nos abandona para sempre à nossa sorte? Logo, em meio de tantas gozações e desprezos, uma surpreendente invocação: “Jesus, recorda-te de mim quando chegares a teu reino”. Não é um discípulo nem um seguidor de Jesus. É um dos dois delinqüentes crucificados junto com Ele. Lucas o propõe como um exemplo admirável de fé no Crucificado. Este homem, a ponto de morrer justiçado, sabe que Jesus é um homem inocente, que não fez mais que o bem à todos. Institui em sua vida um mistério que a ele se lhe escapa, porém está convencido de que Jesus não vai ser derrotado pela morte. De seu coração nasce uma súplica. Só pede a Jesus que não o esqueça: poderia fazer algo por ele. Jesus lhe responde de imediato: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Agora estão os dois unidos na angústia e na impotência, porém Jesus o acolhe como companheiro inseparável. Morreram crucificados, porém entrarão juntos no Mistério de Deus. Em meio da sociedade descrente de nossos dias, não poucos vivem desconcertados. Não sabem se crêem ou não crêem. Quase sem sabê-lo, levam em seu coração uma fé pequena e frágil. As vezes, sem saber por que nem como, agoniados pelo peso da vida, invocam a Jesus a sua maneira. “Jesus, lembra-te de mim” e Jesus os escuta: “Tu estarás sempre comigo”. Deus têm seus caminhos para encontrar-se com cada pessoa e nem sempre passam por onde lhe indicam os teólogos. O decisivo é ter um coração que escuta a própria consciência Padre Antonio Piber Igreja Católica Apostólica Brasileira.


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