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GOSTO DO TEMPO DO ADVENTO

Por Padre Antônio Piber

Gosto do Tempo do Advento

Gosto do tempo do Advento. Gosto dos outros Tempos também, mas este me tem um sabor especial e fico feliz quando ele chega. Não sei exatamente porque gosto mais dele, talvez seja porque antecipar o Natal é relembrar uma infância perdida, mas que ainda põe meu coração em uma boa expectativa. Não sei. Mas ele tem uma capacidade de ir debulhando dias até completar um tempo que vai guiando-me, peregrino, até o Natal.

Porque o Advento é o meu preferido? Não sei se será por Isaías, esse apaixonado que grita esperança, esse louco que corre por vales e colinas com sua perna manca e sua cegueira: “O lobo e o cordeiro pastarão juntos”?; “Um menino colocará, sem temor, a mão na cova da serpente”?; “Das espadas se farão relhas de arados”? Isaías, rodeado de cores e de sensações; poeta do futuro, profeta que com sua mente expandida, vai enfeitando o que vê, que matiza de Presença inclusiva e libertadora, sobretudo o mais doloroso, as peias.

Isaías me ensina como viver-te, Advento. Ensina-me a gritar esperança no sofrimento, a confiar em tempos melhores, a provocá-los. Este homem tão sensível me diz que há de ser eu mesmo quem colorirá o que há ao meu redor, e que Deus é um tição fumegante que me abrasa a vida. Isaías me ensina a viver enamorado, gerando paz.

Quem sabe seja João, o Batista, o do dedo que indica caminho novo e ao Novo. Sim, João, o parente austero, metódico e entregue, que pergunta sem rodeios “és tu o que ha de vir ou devemos esperar outro”?, o impaciente. João, o crente, enamorado do Mistério purificador e salvador da Água, o que de grão a grão, fez para si um deserto de onde gritava verdades.

João também é um bom mestre porque me recorda que com pouco se pode viver, e que a qualidade da vida, a da relação com Deus, não são as peles com as quais me cubro, por mais que sejam de camelos ou não. João me anima a viver simplesmente e a gritar sempre, sempre, sempre, que o Reino de Deus está próximo, tão próximo, que o temos colado à alma.

Não sei por que gosto tanto do Advento, não sei o que ele tem que me parece dos mais belos tempos..., tão tranqüilo, tão sussurrante, como um manancial discreto que, em silêncio, vai salpicando de verdor todo seu entorno.

Será a Virgem Maria? Sim, quem sabe seja ela. A mulher bendita e abençoada de Nazaré, a do anuncio insuspeito que se converterá em suspeito, a do “sim, quero”. Maria com destino em Belém, preocupada por um Menino perdido no Templo de Jerusalém e desolada depois por um Homem na mesma cidade seguindo-O à Caveira; Maria e sua atenção cuidadosa e amorosa nas bodas de Canaã, ou seu sentido de Igreja, Mãe com os discípulos… recebendo, de novo a Ruah Santa. Maria, Nossa Senhora!!

Ante Maria, Mestra, me inclino admirado, porque ela, que pronunciou poucas palavras cantou as verdades sem temor nem tremor na voz, ela que gerou a Palavra; e o fez bem consciente, interpelando ao Anjo, suspeitando, até que o coração deu golpes de inteligência à mente e ambos se puseram de acordo no Sim. Maria me ensina a ser generoso e entregar-me até o cansaço, atravessando incompreensões e murmurações. Maria me diz que no Tempo do Advento e nos outros Tempos o coração há de ser grande para poder guardar nele todas as coisas em silêncio.

Talvez eu goste tanto do Tempo do Advento porque ele me convida a sonhar ou porque me convida a viver desperto.

Talvez eu goste dele porque é um Tempo que o Natal necessita... E com ele, o Melhor está por chegar...

Padre Antonio Piber


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