top of page

Nada Pôde Detê-Lo

Por Padre Antônio PiberSeminário São Carlos do Brasil.

Nada pôde detê-lo...

(Domingo de Ramos Mateus 26,14-27,66)

A execução do Batista não foi algo casual. Segundo uma idéia muito difundida entre o povo judeu, o destino que espera os profetas é a incompreensão, a rejeição e, em muitos os casos, a morte. Provavelmente, Jesus contou desde muito cedo com a possibilidade de um final violento.

Jesus não foi um suicida nem buscava o martírio. Nunca quis o sofrimento nem para si nem para ninguém. Dedicou sua vida a combatê-lo na enfermidade, nas injustiças, na marginalização ou na desesperança. Viveu empenhado em “buscar o reino de Deus e sua justiça”: esse mundo mais justo, digno e feliz para todos, que busca seu Pai. Esse Reino que mais tarde São Paulo definirá como sendo “de paz, justiça e alegria” e que Jesus queria que já estivesse no nosso meio.

Se ele aceita a perseguição e o martírio é por fidelidade a esse projeto de Deus que não quer ver Seus filhos e filhas sofrer. Por isso, não corre para a morte, porém tampouco foge dela. Não se esquiva ante as ameaças, tampouco modifica nem suaviza sua mensagem.

Ser-lhe-ia fácil evitar a execução. Teria bastado calar-se e não insistir no que podia irritar o Templo ou o Palácio. Não o fez. Seguiu seu caminho. Preferiu ser executado antes que trair sua consciência e ser infiel ao projeto de Deus, Seu Pai.

Apreendeu a viver num clima de insegurança, conflitos e acusações. Dia a dia foi se reafirmando na Sua missão e seguiu anunciando com clareza Sua mensagem. Atreveu-se a difundi-la não só nas aldeias do interior da Galilea, mas no entorno perigoso do Templo, na capital. Nada o deteve.

Morrerá fiel ao Deus no que confiou sempre. Seguirá acolhendo a todos, inclusive e, sobretudo, a pecadores, indesejáveis e excluídos, e por isso mesmo, sim, por isto mesmo, terminam rejeitando-o, morrerá como um “excluído”, porém com Sua morte confirmará o que foi sua vida inteira: confiança total num Deus que não rejeita nem exclui a ninguém de seu perdão.

Seguirá buscando o reino de Deus e sua justiça, identificando-se com os mais pobres, desprezados, excluídos, vulneráveis e sofredores. Se um dia o executam no suplicio da cruz, reservado para escravos, morrerá como o mais pobre e desprezado, porém com Sua morte selará para sempre Sua fé num Deus que quer a salvação do ser humano de tudo o que o escraviza.

Os seguidores e as seguidoras de Jesus descobrimos o Mistério último da realidade, encarnado no Seu amor e entrega extrema ao ser humano. No amor desse crucificado está Deus mesmo identificado com todos os que sofrem, gritando contra todas as injustiças e perdoando aos verdugos de todos os tempos, chamando-os á conversão á paz, á justiça, ao amor, à um mundo sem verdugos...

Neste Deus se pode crer ou não crer, porém não é possível ficar indiferente frente à Sua mensagem e Sua doutrina e Seu exemplo. Nós, os cristãos e as cristãs, confiamos e esperamos nele. Nada o deterá no Seu empenho de salvar a todos e todas. Este é o empenho dele. Este é o nosso empenho, pois não há possibilidade de segui-lo, se não empenhando-se no Reino o qual Ele se empenhou e fazendo nossa a Sua causa.

Independente das conseqüências.

Padre Antonio Piber

padreantonioicab@yahoo.com.br


Featured Posts
Últimas postagens
Arquivo
Procurar por tags
Nenhum tag.
bottom of page