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Trabalho é Amor.

Por

Padre Antônio Piber

Para o Apostolo Paulo trabalho é amor. São Paulo escreveu aos tessalonicenses: “Ainda vos lembrais, meus irmãos, dos nossos trabalhos e fadigas. Trabalhamos dia e noite, para não sermos pesados a nenhum de vós. Foi assim que pregamos e evangelho de Deus” (1Ts 2,9). Mais tarde, escrevendo aos filipenses, menciona: “Mais de uma vez vós me enviastes com o que suprir minhas necessidades” (Fl 4,16), e em seguida admoesta aos tessalonicenses a “trabalhar com vossas mãos, conforme as nossas diretrizes” (1Ts 4,11), e adverte “os indisciplinados” (5,14). Depois, escrevendo aos coríntios, relembra: “Irmãos, nos vos damos a conhecer a graça que Deus concedeu as igrejas da Macedônia. Em meio as muitas tribulações que as puseram a prova, a sua copiosa alegria e a sua pobreza extrema transbordaram em tesouro de liberdade. Dou testemunho que segundo os seus meios, e para além de seus meios… nos rogaram a graça de tomar parte nesse serviço” (2Cor 8,1-4).

Recordando “sem cessar, aos olhos de Deus, nosso Pai, a atividade de vossa fé, o esforço de vossa caridade e a perseverança de vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 1,3), incentiva a se revestir da “couraça da fé e do amor, e do capacete da esperança da salvação” (1Ts 5,8). Para São Paulo, “caridade” ou “amor” significam “compartilhar”. A assembleia amorosa e a que compartilha. Qualquer conquista; qualquer fruto do trabalho e compartilhado; qualquer refeição e compartilhada com os outros; o fruto da fé e compartilhado; o fruto do amor e compartilhado; os dons e os talentos são compartilhados. E Paulo ‘e radical, estremado: “Tanto bem vos queiramos que desejávamos dar-vos não somente o evangelho de Deus, mas até a própria vida, de tanto amor que vos tínhamos” (1Ts 2,8).

O amor, para Paulo e dar da pobreza para a pobreza, não da abundância para a abundancia, tampouco da abundância para a pobreza (isto nada mais `e, para ele, que justiça), o amor caridoso, para o Apostolo, não se limitava a caridade humanamente extensiva, da dadiva das “nossas” coisas, mas da distribuição da Justiça divina, do necessário repartir e compartilhar das coisas de Deus, dos talentos e dons, da salvação, mas também daquelas coisas que estão em nosso uso. Para São Paulo, a autêntica assembleia crista de irmãos e de irmãs e a que se compromete em ter tudo em comum, como nas famílias humanas, porque era, na verdade, a família de Deus.

Tal “comunidade” era básica no cristianismo paulino, coisa que explica a ênfase no trabalho que ela sempre tem. A figura do preguiçoso que come e bebe sem trabalhar (sem merece-lo), obscurece a teologia da criação no que concerne a partilha cristã. Para São Paulo, o preguiçoso não sabe amar e `e ingrato com o Criador, não merecendo, por isso, usufruir dos frutos comuns da criação. Também o preguiçoso não sabe amar, pois não tem com o que compartilhar concretamente o amor.

“Nós vos ordenamos, irmãos, em nome de Jesus Cristo, que vos afasteis de todo irmão que leva vida desordenada e contraria a tradição que de nos receberam. Bem sabeis como deveis imitar-nos. Não vivemos de maneira desordenada em vosso meio nem recebemos de graça o pão que comemos; antes, no esforço e na fadiga, de noite e de dia, trabalhamos sem sermos pesados a nenhum de vos. Não porque não tivéssemos direito para isto; mas foi para dar exemplo para ser imitado. Quando estávamos entre vos, já vos demos essa ordem: quem não quer trabalhar, também não há de comer. Ora ouvimos dizer que alguns dentre vos levam vida à toa, muito atarefados sem nada fazer. A estas pessoas, ordenamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que trabalhem na tranquilidade, para ganhar o pão com o próprio esforço: (2Ts 3,6-12).

O amor enquanto partilha justa e equitativa do mundo que pertence ao Deus justo da conteúdo a opinião de Paulo do que importa e “a nova criatura” (Gl 6,15) e a sua afirmação de que “se alguém está em Cristo, e nova criatura. Passaram as coisas antigas, eis que se fez uma realidade nova” (2Cor 5,17). Que coisa melhor poderíamos querer que a anormalidade de um mundo pronto para a partilha em contraposição a normalidade de um mundo baseado na ganância? Padre Antonio Piber Mision Católica del Divino Nazareno


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