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Da Virgem Maria

Por Padre Antonio Piber Misión Católica Divino Nazareno Long Beach, CA

As Sagradas Escrituras e a Doutrina dos Padres distinguem a Mãe do Redentor da Pessoa do Redentor, e assim nós devemos fazê-lo também. No entanto, quase sempre que as Escrituras e os Padres, falam do “Verbo”, recordam, direta ou indiretamente, a “Mulher” de quem o Redentor tomou a carne e é assim que, por causa de onde o Verbo se faz carne, que a Virgem Maria tem o seu lugar único e assume um papel indispensável na História da Salvação.

O Verbo não tomou Sua natureza humana mediante uma nova criação e sim mediante uma geração humana. É preciso, portanto, pela íntima necessidade das coisas, que quando se fale da Encarnação, se lembre da Mãe da qual o Verbo teve o Nascimento terreno.

Interessante perceber que no Nascimento (evidentemente, cf. Lc 1; Mt 2); nas Bodas de Canã, onde os “discípulos creram Nele” e “Ele manifestou a sua gloria” (cf. Jo 2,1-1); na Cruz (cf. Jo 19,25-27) e na vinda do Espirito Santo (cf. At 2,1-42), entre outras ocasiões, a Virgem Maria estava com Ele. Por essa razão há a respeito da Virgem Maria uma doutrina teológica, a Mariologia, ao passo que não há para os outros Santos, sequer para João Batista; “o maior dentre os nascidos de mulher” (Mt 11,11); o que “irá a frente do Senhor, para aplainar os Seus caminhos” (Lc 1,76); o que aponta (cf. Jo 3,27) “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29); o grande que é exemplo de humildade (cf. Jo 3,30; Mc 1,7)...

A Virgem Maria tem, pessoalmente, uma posição objetiva no plano divino da salvação. O Batista; Pedro; Paulo e os outros Apóstolos; Maria Madalena e as outras mulheres (cf. Mt, 16,1); têm com a nossa salvação, não uma relação pessoal, mas uma pura relação de função. A Virgem Maria, ao invés, pela sua relação pessoal com o Redentor, tem uma importância dogmática: por meio do Filho, a Mãe entra no Símbolo: “Nasceu de Maria Virgem”!

Em Cristo, os privilégios e as perfeições da humanidade têm a sua razão e a sua fonte na união hipostática (*); também as grandezas de Maria encontram seu fundamento nessa união, e a ela foram concedidas graças. Coloco, portanto, no vértice da Mariologia, o privilegio que primeiramente se origina desta união: a Maternidade Divina: Virgem Maria, Mãe de Deus!

Trataremos neste Pequeno Estudo dos privilégios da graça, da glória que a Virgem Maria recebeu de Deus, e das honras que devemos tributar-lhe como Mãe de Deus e, sobretudo, o que as Escrituras expõem e como os Padres compreenderam esta mulher que “todas as gerações chamarão bem aventurada” (Lc 1,48).

O culto a Virgem Maria, a Nossa Senhora, não é estranho às Escrituras e não é uma usurpação daquela posição que, na economia da salvação, é reservada, exclusivamente, à Cristo. É preciso, antes de tudo, compreender a posição na qual a Igreja coloca e situa a Virgem Maria. As piedosas práticas devocionais sempre levaram os instruídos e os simples, a se firmarem mais a Jesus Cristo e a fazer tudo o que Ele os dizia (cf. Jo 2,1-12). E as devoções populares sempre foram, junto com o compromisso social, uma das identidades das Igrejas Nacionais. O ciclo litúrgico da Igreja tem Jesus Cristo, e só Jesus Cristo, no seu centro: a Igreja é cristocêntrica. As devoções marianas, suas Festas e Solenidades litúrgicas são uma corrente derivada que nos apontam sempre o Mistério da Economia da Salvação operada por Jesus Cristo que nos salva na Sua Paixão e Ressurreição, mas que já está a nos salvar, desde Sua Encarnação, no Seu Nascimento, no Seu Batismo, no Seu falar e no Seu agir...

Mas além da importância material do culto mariano, enquanto extensão, também podemos considerar seu valor formal. Enquanto Filho de Deus feito homem, Jesus Cristo ocupa o centro da fé e da vida cristã, e a Virgem Maria nela entra por sua relação com o Verbo Encarnado. A subordinação da Virgem Maria a Jesus é evidentíssima em todas as ações litúrgicas e devocionais da Igreja: porque Jesus Cristo é Deus, e unicamente por esse motivo, a Virgem Maria é chamada Mãe de Deus; porque Jesus Cristo é o princípio de toda a graça e santidade, uma parte privilegiada é dada à Sua Mãe; porque Jesus Cristo é Redentor e por aplicação de seus méritos, a Virgem Maria é Imaculada; porque Jesus Cristo é o único Medianeiro entre Deus e os homens, a Virgem Maria é associada a Sua Mediação; porque Jesus Cristo, como Filho de Deus, feito homem, tem direito ao nosso culto, a Virgem Maria recebe-lhe, como reflexo, uma participação; porque Jesus Cristo nos levará, um dia, ao Céu, com a Virgem Maria já se antecipou, como “primícias” (cf. 1Cor 15,23) o nosso futuro, e ela é Assunta ao Céu. Porque é a Mãe do Rei, nós a temos como Mãe e Rainha, coroada no Céu e na terra...

Assim, podemos dizer que a Mariologia não tem uma consistência própria: é um prolongamento da Cristologia e a fé e a piedade cristã procuram e encontram na Virgem Maria apenas e totalmente a Jesus Cristo. Não é isso um paradoxo, mas a pura verdade.

Se tirarmos do cristianismo a Virgem Maria e São Miguel Arcanjo, não teremos a Mãe da fé e o defensor da fé, e não teremos mais então, o Espirito da fé, não teremos mais a fé, e sem fé, não temos mais nada...

Padre Antonio Piber

Misión Católica Divino Nazareno

Long Beach, CA

(*) A união hipostática é um termo usado para descrever como Deus Filho, Jesus Cristo, tomou para Si a natureza humana, ao mesmo tempo permanecendo 100% Deus. Jesus sempre foi Deus (cf. Jo 8,58; 10,30), mas na Encarnação Jesus se fez carne, Ele passou a ser um ser humano (cf. Jo 1,14). A adição da natureza humana à natureza divina resulta em Jesus, o Deus-homem. Essa é a união hipostática, Jesus Cristo, uma Pessoa, 100% Deus e 100% homem (cf. João 4,6; 19,28 e Jo 11,43; Mt 14,18-21)


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